Slow Travel
Sobre Slow Living e Slow Travel
Calma. Devagar. Desacelerar.
Em um mundo e sociedade cada vez mais conectada, consumo desenfreado, desperdício de comida, matéria prima e bens de consumo, correria e estresse, vem de encontro um movimento contrário. O movimento slow começou na Itália na década de 80, como um movimento de Slow Food, em contraposição aos fast foods e comidas muito industrializadas.
Com essa alimentação rápida e super prejudicial a saúde, o momento das refeições perdeu o vínculo que se criava entre as famílias e amigos portanto o movimento veio para quebrar esse novo padrão da época (porém, aplicado ainda aos dias de hoje). Comida de qualidade, com tempo de qualidade. Comer com calma, sem engolir toda a refeição correndo para seguir à próxima tarefa do dia. Estar presente na refeição.
Com o tempo, esse movimento passou a um novo patamar, dando importância também a sustentabilidade e bem-estar. Visando sempre a qualidade ao invés da quantidade. Uma vida mais devagar em todos os aspectos. E então surgiu o conceito de Slow Life.
Este conceito pode ser aplicado em todas as áreas de nossa vida. Desde um dia a dia de qualidade, com boas e saudáveis refeições, práticas diária de desaceleração, com meditação, yoga, entre outros, tempo livre de qualidade (o famoso ócio criativo) e atenção àquilo que se compra e se consome. Escolhas conscientes de vida e consumo. Equilíbrio e consciência aqui são as grandes palavras-chave dessa tendência de estilo de vida.
Segundo Bruna Miranda, idealizadora do projeto Review e Guia Slow Living, “o Slow Living é um incentivo sem regras e tarefas a serem cumpridas. Seu foco é na busca pessoal por mais leveza, equilíbrio e consciência, para novos e motivadores caminhos, descobertos e vivenciados a seu tempo e inseridos com consistência. Escolhas cuidadosas que abrangem seus benefícios para o nosso redor.”
Entendendo então que este conceito pode ser aplicado a qualquer coisa em nossas vidas, trago a ideia de Slow Travel. Onde os conceitos do Slow Living se aplicam de mesma maneira.
Pelo nosso amplo acesso à informação, viajar e conhecer novos lugares se tornou algo muito desejável. Vemos fotos o dia inteiro de destinos maravilhosos, de pontos turísticos incríveis e super famosos, uma moda altamente comercial e deliciosas comidas de grandes redes. Com tanta gente viajando e compartilhando suas experiências, queremos também ir àquele lugar, comer aquela comida, usar aquela roupa da moda e com isso passamos a viajar de forma superficial.
Proponho aqui um estilo de viagem onde possamos conhecer a fundo o destino visitado. Sua cultura, sua gastronomia – claro, seus pontos turísticos e famosos podem também entrar nessa lista. Compreender o dia a dia e dinâmica da cidade. Trocar uma ideia com um morador local. Ir a restaurantes com comidas típicas – não aqueles “pega-turista” – mas sim aqueles preocupados com a qualidade do alimento e origem da matéria-prima. Restaurantes que existem para servir a todos, onde a demanda turística que exige adaptação da gastronomia local para ter mais facilidade em saborear o alimento não esteja presente. Conhecer os bares onde acontecem os happy hours dos trabalhadores locais. Essas são atividades maravilhosas para desbravar a fundo um destino.
Porque não viajar pensando em fazer um trabalho voluntário? Entendendo a necessidade do outro, podemos compreender um pouco mais sobre o mundo em que vivemos. Nosso mundo tem muitas diferenças. Diferenças sociais, culturais, entre outras. Nos colocando próximo a diferença faz com que sejamos pessoas melhores, mais respeitosas.
Sugiro que você inclua um ou dois dias extras – dependendo do tamanho da cidade – para voltar aquele lugar que você adorou, desbravar um novo bairro que não está na rota turística, ou apenas ver a vida acontecer sentado num parque ou experimentando um café local.
Você também viaja com interesse em fazer compras? Que tal ao invés de ir apenas as grandes redes de fast fashion, as grandes marcas, você incluir também a busca por estilistas locais, lojinhas menores, que se preocupam com a origem da matéria prima daquela roupa ou acessório?
Vamos fugir da correria de caça aos pontos turísticos para tirar fotos tradicionais e assinalar aquele lugar como “visto” em sua listinha de lugares a se conhecer. Vá sim ao ponto turístico, mas vá com calma, entenda a sua história, o porquê de ele ser famoso. O que tem por trás daquele local?
Portanto, minha sugestão é que você explore mais, se perca mais, viva mais. Viva aquele destino como se você morasse ali. Se sinta parte. Garanto para você que você terá uma experiência muito mais rica e voltará para casa muito feliz.
Ah! Outra coisa. Viajando dessa maneira, muito provavelmente você não precisará de férias das férias. rs
Deixo aqui também o link do Manifesto Slow Living do projeto Review Slow Living da Bruna Miranda. Acompanhando esse projeto você poderá entender um pouco melhor sobre essa alternativa de estilo de vida.
Um beijo,
Hayuni.